Ruim para as quase duas mil famílias que vivem da terra no Cabo. Ficaram sem assistência técnica ou financiamentos para produzir e vender suas frutas e legumes. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), pelo menos 60% dos produtores individuais do município não chegaram ao ensino médio, mostrando que uma atuação mais próxima do poder público municipal poderia ajudar a melhorar a qualidade de vida e produção dessas pessoas.
Auxílio, no entanto, os pequenos produtores não puderam encontrar. Nem poderiam. Os equipamentos da Secretaria de Desenvolvimento Rural que deveriam estar a serviço da população rural estão sucateados, sem manutenção adequada, com peças faltando, enferrujados e quebrados.
Apetrechos rurais como arados foram encontrados em situação de total abandono. Veículos fundamentais para a produção rural, como os tratores, foram encontrados totalmente deteriorados, com peças faltando e muitas delas amarradas por cordas.
O levantamento realizado pela atual administração descobriu que um caminhão boiadeiro foi deixado sem a bateria de alimentação de energia e que os pneus novos que foram comprados para ele também sumiram. No lugar, pneus velhos e totalmente desgastados.
A situação de descaso não atingiu apenas os equipamentos que poderiam estar à disposição da população rural. Os próprios servidores da pasta sentem na pele o que representa a falta de compromisso público. A situação da sede da Secretaria é tão precária que os funcionários correm, até mesmo, risco de vida ao adentrar em seus locais de trabalho.
O relatório produzido pelos técnicos do município sobre a situação de abandono das instalações físicas da secretaria resume bem o quadro. “Encontramos a estrutura física em situação precária, com matos, mofo e lodo na área de circulação dos funcionários. O ambiente não oferece o mínimo de condições necessárias de trabalho para o desempenho das funções. As paredes encontram-se com várias fissuras, buracos, inclusive no teto, correndo o risco de desabamento. A instalação elétrica encontra-se exposta e de forma irregular, colocando em risco a vida dos que ali estão.”
Sem placa de identificação e totalmente degradada, a entrada do prédio da Secretaria de Desenvolvimento Rural do Cabo de Santo Agostinho mais parecia uma casa abandonada há décadas. Não por acaso, o terreno do órgão oficial passou a servir de estacionamento para carros que pernoitam no local.
“Diante do exposto, os funcionários da Secretaria de Desenvolvimento Rural estão desmotivados por causa da situação do local e das condições precárias de trabalho”, resume o relatório.