O secretário executivo da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, Paulo Abrão, disse em rede social que Emilia foi deportada no domingo (26) em um voo que saiu para El Salvador, seguiu para a Cidade do México e agora vai para Nova York. Segundo Abrão, ela sofreu longo interrogatório e maus tratos psicológicos por parte das autoridades na Nicarágua. Ele informou que ela tem nacionalidade do Brasil e dos EUA.
A CUDJ (Coordenadoria Universitária pela Democracia e Justiça), organização universitária de oposição a Ortega, divulgou informações sobre a prisão de Emilia, de dois documentaristas nicaraguenses e dos estudantes. Segundo o movimento, todos eles iam para a Marcha Nacional em Granada quando foram detidos. "O tempo todo estivemos rodeados de agentes fortemente armados que zombavam de nós, tiravam fotos e nos intimidavam", relatou a CUDJ em rede social.
De acordo com a postagem, uma das detidas sofreu um ataque de epilepsia e outra, uma crise de asma, mas a polícia não prestou atendimento. Nas redes sociais, Emilia se identifica como documentarista freelancer. O Itamaraty afirma que acompanha o caso e que presta assistência à brasileira. Não foi informado se ela já foi deportada nem onde ela está.
As manifestações começaram em 18 de abril, contra uma reforma da previdência, e acabaram se transformado em um pedido pela renúncia do ditador Daniel Ortega e de sua mulher e vice, Rosario Murillo. A repressão aos protestos deixou pelo menos 317 mortos entre 18 de abril e 30 de julho, inclusive civis e menores de idade. Em 23 de julho, a estudante de medicina Raynéia Gabrielle Lima, 31, foi morta a tiros em Manágua.
Nos últimos 11 anos, o ex-líder sandinista se consolidou no poder por meio de alterações na Constituição, da cassação de candidaturas, da expulsão de políticos de oposição do Congresso e de uma eleição questionada que lhe deu, em 2016, o terceiro mandato.
FOLHAPE